Memória Cinematográfica

Menu

Os Mercenários

Estreia 13 agosto 2010

Difícil dizer se é uma qualidade ou um defeito. No entanto, “Os Mercenários” (“The Expendables”), longa-metragem que estreia nesta sexta-feira, 13, no Brasil e nos Estados Unidos, é escrito, dirigido e estrelado por Sylvester Stallone.

O astro, como se sabe, é especialista em filmes de ação rechea­dos de lutas nos quais ele faz o papel de bom moço que apanha sem parar, mas no final dá a volta por cima, em uma perfeita catarse. Em “Os Mercenários”, portanto, não é diferente. A fita conta a história de um grupo que tem a missão de combater um ditador na América Latina. Para tanto, eles vão se juntar e, liderados por Barney Ross (Stallone), seguir para o local.

No grupo, nada mais caricato: o chinês (Jet Li) especialista em artes marciais; o motoqueiro encrenqueiro (Jason Statham) que tenta reatar com a ex-namorada; Mr. Church (Bruce Willis), que contrata a gang; Tool (Mickey Rourke), o tatuador que largou a vida de Mercenário para começar uma nova.

No tal país onde vive o ditador (na verdade, o Brasil), a atriz mexicana Giselle Itié (e que veio para o Brasil ainda pequena) faz o papel da filha do general e será raptada, torturada até ser salva pelos Merce­nários.

No elenco, reunião dos especia­listas em filmes do gênero, incluindo Arnold Schwarzenegger, que fez, entre outros, “O Exterminador do Futuro”. Atualmente, ele é governa­dor do estado da Califórnia – e esse, aliás, é o tema de uma das pia­das da fita. Para completar, só faltou Jean-Claude Van Damme (de “Soldado Universal”), que chegou a ser convidado, mas recusou a participação.

“Os Mercenários” reúne ação, lutas, sangue, efeitos especiais e atores especialistas no gênero. O espectador, portanto, não pode ir ao cinema para assistir a um filme de Stallone e achar que a obra vai mudar os conceitos do cinema, trazer inovações etc. Vencedor do Oscar de Melhor Filme e Melhor Diretor por “Rocky”, em 1976 (uma das maiores injustiças cometidas pela Academia), Stallone não convence. Ainda parece não ter aprendido a atu­ar, continua se movimentando como um robô.

Como diretor, em muitas cenas é como se ele se esquecesse da função, deixando a pessoa que está falando fora de quadro (sem um motivo justificável). E a atuação de Giselle Itié também deixa a desejar, principalmente durante os seus diálogos com Stallone, com ento­nações fora de ritmo. Destaque, porém, para as atuações de Mickey Rourke, que está bem à vontade.

O longa estreia após o polêmico depoimento de Stallone durante a Comic-Con, em San Diego (Estados Unidos). Isso porque, ao falar sobre as filmagens no Brasil, ele teria feito uma piada preconceituosa. “Você pode explodir o país inteiro e eles ainda dizem: Obrigado! Aqui está um macaco para você levar de volta para sua casa”, disse.

No dia seguinte, viu a repercussão desastrosa e pediu desculpas: “Peço desculpas sinceras ao povo do Brasil e a sua ‘film commission’. Todas as minhas experiências no país foram fantásticas e disse a todos os meus amigos para filmarem lá. Ontem, eu estava tentando fazer um pouco de humor e não caiu bem. Tenho res­peito pelo grande país que é o Brasil. Novamente, peço desculpas.”

É provável que o filme agrade principalmente o público masculino, aquele que procura cenas de ação, explosões, sangue (muitas vezes desnecessário, como os braços decepados) e mulher bonita. O roteiro, embora o tema não seja lá grande coisa, tem bom-humor e agrada, principalmente as tiradas de sarro que misturam a ficção e a rea­lidade, tal como na participação de Schwarzenegger e quando falam que ele gostaria de ser presidente.

As filmagens no Brasil foram feitas no Rio de Janeiro durante três semanas, em abril do ano passado. Em conjunto com a sua produtora, a responsável no Brasil foi a O2 Filmes.

Veja também