Memória Cinematográfica

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Bruna Surfistinha

Estreia Nacional 10 março 2011

O livro que virou filme já atraiu um milhão de espectadores ao cinema. “Bruna Surfistinha”, longa-metragem sobre a garota de classe média, Raquel, que sai da casa dos pais para ser garota de programa, está fazendo sucesso nos cinemas e está apenas em seu segundo final de semana de exibição.

Ao todo, a fita já arrecadou mais de R$ 9 milhões e está entre os 10 filmes mais vistos do ano. No cinema nacional, é raro quando isso acontece. Vimos recentemente o sucesso de “Tropa de Elite 2“, no ano passado, que atingiu o recorde e foi assistido por quase 11 milhões de espectadores.

Segundo o Filme B, o longa produzido pela TV Zero e lançando pela Imagem Filmes foi a segunda abertura de 2011 (liderando o ranking na ocasião da sua estreia) e a sétima entre as aberturas nacionais nos últimos 20 anos.

Estrelado por Deborah Secco e dirigido por Marcus Baldini, “Bruna Surfistinha” começa contando a história de Raquel e como ela era rejeitada na escola, e deixada de lado por sua família. Embora fosse filha adotiva, esse não era o seu problema. O divisor de águas no seu comportamento, segundo o filme, é quando, após ir estudar na casa de um colega da escola, é publicado na internet um vídeo seu fazendo sexo oral no tal colega.

A partir daí, ela vira motivo de chacota na classe e decide sair de casa e ganhar as ruas de São Paulo.

Então, Raquel, que mais tarde se tornou Bruna, vai parar em uma casa onde divide o “trabalho” com outras garotas. Não demorou muito para fazer mais sucesso que suas colegas. E, a partir de então, começa a fazer vários programas por dia e a ganhar dinheiro. Muito dinheiro. E daí foi um pulo para começar a ser tratada como uma “prostituta de luxo”, principalmente por conta das suas amizades, do seu diferencial e da ajuda da internet.

“Bruna Surfistinha”, apesar do tema delicado, trata com muita propriedade e bom gosto as (poucas) cenas de sexo. É pesado, mas não chega a ser vulgar nem deixa a plateia envergonhada com as cenas exibidas, longe de ser as porno chanchadas brasileiras do passado.

O bom humor também está presente no roteiro escrito por Homero Olivetto, José de Carvalho e Antônia Pellegrin, baseado no livro “O Doce Veneno do Escorpião”, principalmente quando se trata dos jargões que se usam e na figura da cafetina, vivida por Drica Moraes, ou a também garota de programa Fabíula Nascimento (de “Junto & Misturado”). No papel de um dos clientes, Cássio Gabus Mendes.

Deborah Secco, no papel-título, desfruta de plena forma: tanto física quanto no que diz respeito à interpretação. Entrega-se à personagem e faz com que o espectador se envolva na sua história, quer seja boa ou ruim.

“Bruna Surfistinha” tem alguns problemas cinematográficos, como o roteiro linear, não deixando espaço para a criatividade; narrações em off desnecessárias. Há também, como já foi bastante observado, “furos” na direção de arte, quando mostra equipamentos eletrônicos modernos para a época na qual o filme se passa. Mas esses são os menores dos problemas. Assim como a carreira de Raquel, principalmente após a exploração da internet como forma de divulgação do seu trabalho, o longa também promete seguir em ascensão.

A discussão comportamental e as consequências que podem existir entre as garotas da idade de Raquel sobre seu trabalho e como “se deu bem na vida”, é um assunto que deixo para especialistas no assunto, como psicólogos, sociólogos e até mesmo os pais. Aqui, deixo uma lista extensa de filmes que trataram com glamour a vida de outras prostitutas, como “Uma Linda Mulher”, “Noites de Cabíria”, “A Bela da Tarde”, entre tantas outras produções de sucesso.

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