Memória Cinematográfica

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Bem Amadas

Duas mulheres separadas pelo tempo, mas com alguma coisa em comum: os amores. Mãe (Catherine Deneuve) e filha (Chiara Mastroianni) são as protagonistas do novo longa-metragem de Christophe Honoré, “Bem Amadas” (“Les Bien Aimés”), que tem estreia apontada para esta sexta-feira, 20, nos cinemas.

Honoré, que costuma colocar histórias familiares na tela grande, tal como fez em “Não Minha Filha, Você Não Irá Dançar” e “Em Paris”, repete a fórmula do seu cinema francês, incluindo as canções escritas por Alex Beaupain, responsável pelas músicas de “Canções de Amor” e “Não Minha Filha…”, em parceria com o diretor.

Para contar esta história, o diretor, também autor do roteiro, volta no tempo e, na Paris dos anos 1960, conta, em ordem cronológica, como a mãe francesa se apaixonou por um tcheco. E, na Londres dos anos 2000, a filha se apaixona por um inglês. Tal como em outros filmes de Honoré, o amor é intenso, mas também homossexual, com direito a ménàge à trois, além de ser trágico. As canções de Beaupain vêm para coroar a intensidade do amor, da paixão, ainda que seja por um gay ou por dois homens ao mesmo tempo.

A volta no tempo não é feita com a mudança na cidade, já que Paris parece ser a mesma desde os anos 1960. Para tanto, foram usados o figurino, os carros e a moeda, que passa a ser francos e não euros. Os sapatos são outros personagens na trama e têm destaque especial. São atuais e poderiam ser usados hoje em dia.

A personagem de Ludivine Sagnier, que faz o papel de Deneuve mais jovem, aparece usando um par e, em off, a filha (Chiara) explica que ela se tornou prostituta para se salvar da prisão. Tinha um trabalho regular (era vendedora), mas se prostituía pois “amava os scarpins de Dior”. Além dos sapatos, amava dois homens e deixa se enganar pelo pai da sua filha, que a tirou das ruas, mas não a assume e fica anos sem aparecer.

Outra característica de Honoré é a ambientação em Paris e a orientação urbana, mas sem focar em clichês turísticos. E as canções, que vez ou outra aparece no meio de diálogos, não chegam a cansar. São belas composições francesas, embora bem semelhantes umas às outras. As composições, aliás, remetem às de “Canções de Amor”.

Além da pareceria já conhecida com o compositor, e de este ser o terceiro trabalho de Chiara Mastroianni com Christophe Honoré (depois de “Canções de Amor” e “ Não Minha Filha…”), esta é mais uma parceria do diretor com Louis Garrel, que trabalhou em praticamente todos os seus longas anteriores.

Ludvine Sagnier atua pela segunda vez em um filme de Honoré (a primeira foi em “Canções de Amor”). A contribuição de Catherine Deneuve engrandece a obra e o mix de gerações enriquece ainda mais o longa-metragem de Honoré.

“Bem Amadas” utiliza canções para focar o lirismo e a paixão das personagens. Um longa-metragem para se apaixonar e apaixonar pelas belíssimas canções.

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