Memória Cinematográfica

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Jersey Boys: Em Busca da Música

Clint Eastwood é dono de uma invejável filmografia. Estreou como diretor em 1971, com o drama “Perversa Paixão” e, de lá pra cá, vem alternando suas produções em diversos gêneros. Desde os anos 1980, por exemplo, dirigiu outros dramas (“Menina de Ouro”, “Gran Torino”, “Invictus”, “Além da Vida”), filmes de guerra (“A Conquista da Honra”, “Cartas de Iwo Jima”), thriller (“Sobre Meninos e Lobos”), westerns (“O Cavaleiro Solitário”, “Os Imperdoáveis”), romance (“As Pontes de Madson”), ficção científica (“Raposa de Fogo”), além de musical (“Bird”).

Entre muitos desses filmes realizados, alguns são biografias, como o musical, que conta a vida do jazzista Charlie “Bird” Parker. Agora, ele leva para a tela grande um dos musicais da Broadway mais prestigiados (há oito anos em cartaz), “Jersey Boys: Em Busca da Música” (“Jersey Boys”), sobre os quatro jovens que formaram o grupo de rock The Four Seasons, nos anos 1960.

A trama gira em torno do músico Frankie Valli (John Lloyd Young) e de seus companheiros da banda, que viram o sucesso se alastrar, por conta das canções que encantavam as plateias por onde passavam. Viram também os problemas com drogas e com as mulheres que deixavam em casa, pois viajavam bastante. Houve ainda uma briga interna, talvez por conta do ego inflado em decorrência do sucesso.

Christopher Walken interpreta o mafioso Gyp DeCarlo, a quem os rapazes ouvem com sensatez. O ator é um gigante, está muito bem no longa-metragem.

Para viver o protagonista, o cantor Frankie Valli, Eastwood trouxe John Lloyd Young para o elenco, mesmo ator que interpreta o personagem nos palcos de Nova York, vencedor do Tony Award (maior prêmio na categoria). Erich Bergenatua é Bob Gaudio, autor e coautor dos maiores hits do grupo. Michael Lomenda e Vincent Piazza interpretam respectivamente Nick Massi e Tommy DeVito, dois membros originais da banda.

É verdade que musical não é um gênero fácil para o cinema, ou seja, nem sempre agrada ao público. Porém, diferentemente de “Os Miseráveis”, quando se viam os diálogos serem substituídos por canções, não é o que se vê em “Jersey Boys”. Ninguém da banda homenageada será visto, de repente, no meio de uma discussão, entoando alguma música. Aqui, o que a plateia pode curtir são apresentações dessas bandas em diferentes regiões dos Estados Unidos, em verdadeiras turnês.

O presente maior é poder reviver essa história sob a batuta de Clint Eastwood, cuja sensibilidade para produções como esta é grande, pois inclui um roteiro consistente, com câmeras que passeiam pela vida das pessoas que têm as suas histórias contadas na tela e uma afinação de arrepiar.

No início, o longa remete aos de máfia, com os personagens com sotaque italiano, além da textura e da cor dos filmes daquela época, como a trilogia “O Poderoso Chefão” e “Os Bons Companheiros”. Ao decorrer da trama, o narrador leva o espectador para dentro da tela, quando conversa olhando para a câmera, dando intimidade ao espectador de mergulhar naquele universo.

Com “Jersey Boys”, cuja estreia está apontada para 26 de junho no Brasil (e dia 20 nos Estados Unidos), Eastwood mostra que é possível fazer musicais de bom gosto sem serem cansativos, com elenco escolhido a dedo por quem entende de contar boas histórias.

Ah, sim, ao final, não se preocupe se quiser sair correndo do cinema para ouvir as versões originais de “Walk Like a Man” ou “Can’t Take My Eyes of You”. Acontece.

Texto originalmente publicado no site da GQ.

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