Memória Cinematográfica

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Caixa Belas Artes

Estreia GQ 17 julho 2014

Fechado há três anos, o Cine Belas Artes, na rua da Consolação (região central), reabre as portas neste fim de semana em parceria com a Caixa Econômica Federal. O banco é responsável pelo patrocínio para a operação do cinema.

A reabertura foi possível graças às conversas da prefeitura com o proprietário do imóvel, Flávio Maluf (que não tem nenhum parentesco com o ex-prefeito). Na ocasião do fechamento, o preço do aluguel aumentou demais, tornando o negócio inviável. Em 2012, a fachada do cinema foi tombada pelo Condephaat, órgão do governo do Estado que busca a preservação do patrimônio histórico. Assim, as portas do cinema foram fechadas e nada mais foi colocado no seu lugar. A pressão popular, a manifestação nas ruas, os abaixo-assinados, a página no Facebook para se dedicar ao assunto foram suficientes para que se começasse a pensar na reabertura.

“A minha sensação de que ia dar certo foi no segundo semestre do ano passado, quando a gente começou a negociar com o proprietário de novo em um clima mais amistoso”, disse o proprietário Andre Sturm à GQ. Na ocasião, as conversas com o proprietário se desenrolaram e os dois conseguiram chegar “a um entendimento possível para todo mundo”.

A prefeitura foi importante nesta intervenção, bem como na aproximação com a Caixa, que tem interesse em patrocinar eventos culturais na cidade. “Na campanha, o prefeito [Fernando Haddad] colocou a reabertura do Belas Artes entre as suas prioridades”, conta o secretário da Cultura, Juca Ferreira. O patrocínio é de R$ 1,8 milhão durante cinco anos.

Ainda em fase de acabamento, com cheiro de tinta, cola e muitos profissionais trabalhando no local, jornalistas foram convidados a conhecer como está o Caixa Belas Artes. A estrutura é a mesma: são seis salas com a mesma capacidade que era antes do seu fechamento. A reforma, que custou R$ 7 milhões, contemplou restauração do mármore das escadas, troca de fios, ar-condicionado, projetores (todas com o digital e três ainda com o de película), poltronas, carpetes, reforma na acústica das salas. “Acho que seremos a última sala de cinema com projetor de 35 mm, com cópia com risquinho na tela e o som do projetor”, diz Sturm.

A essência, de ser um dos principais cinemas com programação voltada aos filmes de autor e aos clássicos, continua. Em agosto devem voltar a programação do Cineclube e o Noitão, que exibe maratona de filmes noite adentro.

Neste fim de semana, por exemplo, a programação é voltada para o Cineclube, com a exibição de, por exemplo, “Quanto Mais Quente Melhor”, de Billy Wilder, além de “Medos Privados em Lugares Públicos”, de Alain Resnais. O filme, aliás, é um clássico no Belas Artes e ficou em cartaz durante três anos e meio. “Vamos reabrir com o filme para que as pessoas tenham a sensação que o cinema não ficou três anos fechado”, brinca Sturm. Há também pré-estreias, como o novo de Resnais, “Amar, Beber e Cantar”. Somente na quinta-feira, 24, o cinema fará parte da programação semanal da cidade, com um filme por sala.

Outra novidade é a sala SP Cine Aleijadinho, que contempla apenas longas nacionais, além de mostras promovidas pela Caixa Cultural. Entre elas, retrospectiva de Gus van Sant, filmes do cinema brasileiros ainda inéditos.

Além de pipoca e refrigerante com preços mais baixos que o de cinemas na região, a bombonière vai vender doces mais sofisticados, como brownie, macaron e brigadeiro gourmet, a preço de mercado.

Já estão encerradas as vendas, mas o Belas Artes comercializou planos Cinéfilo e Sócio. O primeiro, que custa R$ 800, dá direito a uma sessão por semana durante um ano. Já o Sócio, o cliente ganha a homenagem com uma placa com o seu nome em uma das poltronas da sala 1 e tem acesso liberado em um filme por dia com acompanhante por R$ 3.000, por um ano. “A campanha está encerrada e vendemos, nas duas modalidades, 200 lugares. A capacidade da sala é de 310 lugares”, confirma Bárbara Sturm, filha de André e responsável pela programação do cinema.

Na parte de decoração, o cinema vai ganhar diversos murais com pôsteres temáticos de filmes, mais ou menos como acontece no corredor do Espaço Itaú Pompeia. Aqui, porém, cada parede recebe um tema, como cinema italiano, expressionismo alemão, Hitchcock e outros.

À esquerda, na entrada, haverá um mural para homenagear o Movimento Belas Artes e sua importância para a reabertura do cinema. Ainda na entrada, a iluminação foi mudada e um grande espelho foi colocado para dar ar de modernidade ao espaço.

No sábado, abrem apenas três salas. A quarta será inaugurada no domingo. As outras duas, apenas 15 dias após a abertura. Fica para janeiro o espaço dedicado a outras experiências, que contempla a parceria com o Riviera Bar, localizado do outro lado da rua da Consolação. É o “Drive-in Riviera”, uma sala no térreo com poltronas, sofás e mesas. “Será uma sala com três sessões para ir em turma, assistir a filmes comendo e bebendo itens do bar, e não uma espécie de espaço VIP com aqueles assentos que deitam”, avisa Sturm. Também está previsto um projeto que vai misturar cinema e música (com show ao vivo no cinema).

Sábado

No sábado, 19, às 16h, duas faixas da rua da Consolação estarão fechadas para a cerimônia de reabertura. Na ocasião, será exibida a vinheta de segurança que tem direção de Bárbara e André Gevaerdi. O filme, que mostra avisos de emergência antes das sessões, tem trechos de clássicos dos anos 1920, como “Cidadão Kane”, “Nosferatu”, “A Saída dos Funcionários da Fábrica”, “Cão Andaluz”, “Caixa de Pandora”, “Viagem à Lua” e “Metropolis”.

Quatro sessões de cinema recomeçam normalmente, em três salas do prédio reformado. Na data de abertura, os ingressos vão custar R$ 5. Depois, sobem para R$ 20. Clientes Caixa e estudantes têm desconto de 50%. Às segundas-feiras, todo trabalhador, empregado ou não, pagam meia entrada.

CAIXA BELAS ARTES Rua da Consolação, 2.423, Consolação, tel.: 2894-5781

 

PROGRAMAÇÃO

Sábado, 19

Sala 2 – Cândido Portinari

17h10 – Quanto Mais Quente Melhor, de Billy Wilder

19h50 – Um Dia Muito Especial, de Ettore Scola

22h – A Malvada, de Joseph L. Mankiewicz

Sala 3 – Oscar Niemeyer

17h40 – O Estudante, de Santiago Mitre

20h10 – Filha Distante, de Carlos Sorín

22h10 – Norwegian Wood – Como nas Canções dos Beatles, de Tran Anh Hung

Sala 4 – SP CINE Aleijadinho

17h – Aos Ventos que Virão, de Hermano Penna

19h20 – Queimada!, de Gillo Pontecorvo

22h – Medos Privados em Lugares Públicos, de Alain Resnais

 

Domingo, 20

 

Sala 2 – Cândido Portinari

14h – Morangos Silvestres, de Ingmar Bergman

16h10 – Quanto Mais Quente Melhor, de Billy Wilder

18h50 – Um Dia Muito Especial, de Ettore Scola

21h – A Malvada, de Joseph L. Mankiewicz

 

Sala 3 – Oscar Niemeyer

14h20 – Minha Irmã, de Ursula Meyer

16h40 – O Estudante, de Santiago Mitre

19h10 – Filha Distante, de Carlos Sorín

21h10 – Norwegian Wood – Como nas Canções dos Beatles, de Tran Anh Hung

 

Sala 4 – SP CINE Aleijadinho

13h30 – Aos Ventos que Virão, de Hermano Penna

16h – A Noite, de Michelangelo Antonioni

18h20 – Queimada!, de Gillo Pontecorvo

21h – Medos Privados em Lugares Públicos, de Alain Resnais

Texto publicado originalmente na GQ.

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