Memória Cinematográfica

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Samba

“Samba”, o filme, não trata sobre o ritmo brasileiro conhecido no mundo inteiro principalmente por conta do Carnaval. O título do filme é o nome do protagonista, que imigrou do Senegal para a França há dez anos.

O personagem é vivido por Omar Sy, o mais novo ídolo do cinema francês, principalmente depois do seu papel em “Intocáveis”, longa-metragem também de autoria da dupla de realizadores Eric Toledano e Olivier Nakache.

No novo filme, ele trabalha em subempregos sem visto, mas precisa se regularizar. Um dia, conhece Alice (Charlotte Gainsbourg) que, esgotada do seu trabalho, dá um tempo no escritório e vai trabalhar em uma ONG que ajuda os imigrantes ilegais a tentarem tirar os seus registros.

Em meio a um caldeirão de imigrantes, os cineastas não exploram a vida de todos, mas conta também sobre Jonas (Issaka Sawadogo), que Samba conhece enquanto está detido. Ele quer reencontrar a namorada que trabalha em um salão de cabeleireiro.

O filme também mira em Wilson (Tahar Rahim), um argelino que finge ser brasileiro. Uma de suas explicações pela escolha da nacionalidade é que as mulheres gostam mais… Apesar de soar um clichê e até mesmo ser perjorativo por conta da imigração ilegal, o uso de cantores nacionais na trilha sonora quebra qualquer pretensão ruim. Prefiro pensar que é uma homenagem.

Rahim, que interpretou Samir no filme “O Passado” (do iraniano Asghar Farhadi), dá leveza à trama e, junto com Omar Sy, forma o núcleo engraçado. A cena dele limpando janelas ao som de “Palco”, de Gilberto Gil, é impagável! Em outro momento, quando ele vai dançar ao som de Jorge Ben Jor, ele dá um show.

Além do excesso de trabalho, a chamada síndrome de “burnout” que provoca esgotamento profissional, o longa discute o problema da imigração na França, do trabalho ilegal e da crise econômica que ainda não terminou. Vira e mexe, aliás, os jornais mostram dezenas, centenas e às vezes milhares de imigrantes ilegais que chegam de barco em território europeu.

O tema, portanto, não é novo. Cineastas europeus também se incomodam com o tema, como o finlandês Aki Kaurismäki, que escreveu “O Porto” (“Le Havre”), e o francês Philippe Lioret, que filmou “Bem-Vindo”. Esses são temas recentes. Sobre a imigração do passado, há o “Era uma Vez em Nova York”, sobre o sonho americano.

“Samba” fala também de amor, fidelidade e lealdade, mas não é tão envolvente quanto “Intocáveis”. Esse último foi um fenômeno na França e, no Brasil, virou peça de teatro. “Samba”, porém, dialoga com o espectador diretamente.

Depois de passar pelo Festival Varilux de cinema Francês, o longa entra em pré-estreia nesta semana em São Paulo.

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