Memória Cinematográfica

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La La Land

Blockbuster Estreia Globo de Ouro 2 fevereiro 2017

La La Land

Talvez pelo fato de o cinema ter exaltado os musicais assim que foi possível o som e as cores na tela grande, cujo marco foi “O Cantor de Jazz”, em 1929, a sensação de nostalgia é enorme a cada vez que um filme do gênero é lançando. Aliás, cada vez mais raro ter um musical novo.

O último de sucesso e que causou ainda mais sensação de nostalgia foi “O Artista” (2011), principalmente pelo fato de o tema central ser Hollywood e por ser preto e branco. “Chicago” também é bastante comentado ainda hoje, mesmo que tenha sido lançado em 2002.

Agora é a vez de “La La Land – Cantando as Estações” (“La La Land”), longa-metragem que já abocanhou sete Globo de Ouro e tem tudo para arrematar diversos Oscar na festa programada para acontecer no dia 26 de fevereiro. Recebeu, em 24 de janeiro, 14 indicações.

Mas por que esse alvoroço todo?

No início de “La La Land” vemos um congestionamento monstro em Los Angeles, a terra do cinema (e do congestionamento). No meio da rodovia, parados no engarrafamento, os personagens começam a cantar e a dançar, coreografadamente. O mais espetacular da cena é que ela foi ensaiada à exaustão para que a filmagem fosse feita de uma vez só, em um plano sequência (sem cortes) e movimento de câmera que mostra em close e o todo em uma única tomada.

O realizador Damien Chazelle foi ousado o suficiente para encarar não apenas esta sequência sem cortes, mas outras ao longo do filme, mostrando que, aos 32 anos, ele procura perfeição.

Perfeição, aliás, é tema do seu primeiro filme de sucesso, “Whiplash: em Busca da Perfeição” (2014), vencedor de três Oscar, incluindo melhor ator coadjuvante com J. K. Simmons.

O roteiro tem clichês, mas não em sua totalidade. Em alguns momentos, Chazelle foge do óbvio e emociona.

Na trama, Emma Stone (“O Homem Irracional”) é Mia, uma aspirante a atriz que trabalha como garçonete no café localizado dentro dos estúdios da Warner Bros. A obviedade aqui é porque falta originalidade a busca por um lugar no “sonho americano” na costa oeste (brilhar nas telas de Hollywood) e receber respostas negativas teste após teste.

la la land

Em diversos momentos da trama, ela esbarra em Sebastian (Ryan Gosling, de “Tudo Pelo Poder”), um músico apaixonado por jazz, mas que só encontra trabalho para tocar músicas batidas, como “Jingle Bells”, em um restaurante chique da cidade.

Alguma novidade até aqui? Não. Clichê, atrás de clichê.

Mas “La La Land” não é formado apenas por esses clichês. O longa vai mais fundo e explora os sentimentos positivos e negativos do casal que, cada um ao seu modo, busca alcançar os seus objetivos (nem que para isso seja necessário se separar).

Ela não desiste do sonho –se tornar uma atriz famosa em Hollywood. Ele, busca concretizar o sonho de ter um bar de jazz no qual pode tocar as músicas que escolher. E fazer com que o ritmo não desapareça.

Emma Stone brilhou em dois longas dirigidos por Woody Allen recentemente e aqui não perde o foco. Canta, dança, interpreta. Gosling não é nenhum Fred Astaire, mas também não passa vergonha quando precisa ensaiar uns passos de sapateado em frente às câmeras.

As músicas são outro destaque do longa. Duas, aliás concorrem ao Oscar de Melhor Canção Original. “Audition (The Fools Who Dream” e “City of Stars” estão no páreo. Esta última, aliás, não me canso de ouvir. Tratei logo de baixar o disco inteiro na Apple Music.

O longa ainda concorre a Melhor Filme, Diretor, Roteiro Original, Ator e Atriz  Melhor, Trilha Sonora, Figurino, Montagem, Fotografia, Edição de Som, Mixagem e Direção de Arte. Recorde desde “Titanic” (1997). Antes dele, só “A Malvada” (1950) recebeu esse número de indicações.

Potencial o filme tem, só não se sabe o que a Academia vai considerar. A conferir.

Independentemente de quantos Oscar deve ganhar, “La La Land” é um filme leve, bem feito e ousado.

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